peurambulando

Segundo a narrativa bíblica, a Torre de Babel foi uma tentativa do homem de chegar ao céu. O livro conta que Deus não gostou nem um pouco dessa idéia dos humanos, e colocou cada um que estava construindo a torre pra falar uma língua diferente. Como ninguém se entendia, a empreitada não deu certo.

Quando se está numa casa com dois italianos que só falam a língua nativa, uma austríaca que fala espanhol, mas confunde os idiomas e uma Belga que está aprendendo o português, dá pra sentir na pele o que os trabalhadores da narrativa bíblica passaram. Mas ao contrário deles, nós não queremos chegar no céu. Só queremos saber as horas, perguntar se alguem vai cozinhar, saber mais da cultura de cada um, chamar pra ir tomar um café, contar o que aconteceu na última noite... esse tipo de coisa que "gente jovem reunida" (péssima expressão) costuma conversar.

Nada que com um pouco de criatividade, mímica e (algumas vezes) até desenhos não se resolva. Mas em última instância, quando realmente não dá pra entender, a única saída é recorrer pra tática do "faz cara de quem tá entendendo, balança a cabeça e solta um sorriso". Essa é infalível.

Aí no vídeo estão alguns construtores da torre.

Vocês não tem idéia do quanto Portugal pode ser engraçado...

Coimbra é assim: todo mundo vai pra aula e depois o que fazem? Vão tomar vinho bom (ótimo) que custa não mais que 1,50 Euros. Cidade de estudantes, sabe como é. E se você não quiser beber, tudo bem... fica ali nas escadarias de uma igreja medieval, com uma vista maravilhosa, conversando com os amigos até a tarde cair (o sol se põe aqui lá pras 8 da noite).

Eis que hoje, numa dessas tardes com os amigos, conheci Dona Maria, uma senhorinha que sempre anda com seu cão Pluto e adora o Brasil. Ela faz questão de frizar que seu bichano é muito educado e não faz as necessidas em casa. Só faz xixi e cocô nas escadas da igreja medieval que fica ao lado da sua casa (coisa chic). Seu grande sonho é conhecer nosso país, um lugar "onde todos são felizes". Ela só tem medo de uma coisa "As pessoas moram muito junto ao mar. Deve dar uma aflição abrir a janela e só ver água, água, água!", me disse. Ela gosta tanto do Brasil que não perde um capítulo das telenovelas brasileiras "Raio de Sol", "Paraíso Tropical" e "Eterna Magia". Mas existe uma coisa do Brasil que ela gosta mais: a velhota é fã do Lula. Ele mesmo, nosso saudoso Presidente. Duvida? Vê o vídeo aí embaixo.

Uma combinação brutal: hoje acordei com uma fome daquelas que te fazem querer comer até os lençóis. Mas ao mesmo tempo, com uma preguiça daquelas que te fazem nem querer respirar. Enquanto a fome aumentava eu pensava o que ia fazer... e me deu uma saudade dos tempos em que eu pedia o almoço a Lourdes e ela fazia exatamente como eu gostava. E o desespero foi batendo... a fome crescia na mesma escala que a preguiça... Até que de repente, um barulho (trrriiiiiimmmm). Havia alguém à porta. Abro e dou de cara com duas figuras falando italiano comigo. Depois de algum tempo, com meu italiano de novela da globo, entendi que eles eram amigosm do André e, assim como eu, também iam ficar aqui no Chalet Pedrosa até encontrarem apartamento. Comecei a mostrar a casa e quando chegamos na cozinha, eles arriscaram em português: "Temos fome". Respondi que também tinha e logo eles se puseram a cozinhar e fizeram a melhor macarronada que já comi em toda a minha vida... uma coisa espetacular, fora do comum, um pecado, um atentado à loucura, uma escada ao céu dos sabores... E depois disso tive a plena certeza de que Sim, Deus existe!!!

Ainda estou no meu processo de matrícula na universidade. É um tal de vai pra lá, vai pra cá, documento tal, xerox disso e daquilo... e acabei descobrindo que além de muitos escravos e padres os portugueses também trouxeram nos navios uma velha conhecida nossa: a burocracia. Se tudo der certo, devo começar na segunda ou terça-feira. Não há motivo para pânico porque (teoricamente) as aulas começaram no último dia 17, mas exatamente como no Brasil, as coisas por aqui também começam devagar. Mas é que, segundo eles ( para o meu espanto), os alunos ainda estão a chegar, então as coisas ainda não estão exatamente funcionando a todo vapor. E eu fico aqui imaginando com esta cidade vai ficar quando todos chegarem.

Enquanto isso fico aqui os "gajos" e "gajas" do Chalet Pedrosa. Ante-ontem fizemos um super jantar com "Sparguete de cricos" (aqui se escreve "sparguete" mesmo), traduzindo "Macarrão com mariscos". E nós mesmos é quem catamos os mariscos. É meio que uma tradição aqui. Juntam-se os amigos, sacos plásticos e mãos à obra, ou melhor, mãos à lama! Pena que não tenho fotos disso, mas posso dizer que foi beeem divertido. O melhor de tudo é que bem na hora do jantar, eis que um grupo de Fado (música típica local) começou a se apresentar, assim, no improviso, nas escadarias da Sé Velha, uma catedral medieval que fica bem em frente ao Chalet Pedrosa.

Pois... não tenho foto da gente pegando os "cricos", mas fiz um vídeo do que resultou a junção deles com o macarrão...

No quesito atraso de vôos, estou tendo minha própria crise aérea. Como se já não bastassem todos os aviões que me levaram a Madrid terem atrasado, o meu vôo Madrid-Lisboa também atrasou. Chegando a Lisboa enfrentei mais 1h30min num trem ("comboio", como é chamado aqui) até Coimbra. A cidade superou (e muito) minhas expectativas. É bem pequena, com construções que datam da época medieval, muito bem preservadas. Coimbra respira espirito acadêmico e está abarrotada de estudantes de todo o mundo. Pois bem, deixo a cidade de Coimbra pra um outro Post...

Agora quero falar do Chalet Pedrosa que é o apartamento onde estou provisoriamente, até encontrar um lugar. Aqui em Coimbra é muito comum que jovens universitários de todas as partes de Portugal e do mundo aluguem apartamento. Pois... estou num desses. São 5 residentes: Joel, André, Felipe, Marta e Albano. Todos eles me receberam muito bem, de braços abertos e logo conseguiram me fazer sentir-se em casa. Conhcem muito de música brasileira (muito mesmo) e são bastante inteligentes.

Ontem, eu, Joel, André e Albano fomos a praia da Barra, em Aveiro. Nem preciso dizer que é completamente diferente das praias brasileiras, mas ainda assim, é tão bonita quanto as nossas.
O ruim (péssimo) era que a água estava por volta dos 10ºC. E com essa água glacial tive aulas de surf com André. O Resultado? Assiste aí embaixo.

Depois de ter o vôo Recife-Lisboa atrasado, e perder a conexão Lisboa-Madrid, finalmente cheguei à Capital Espanhola. A cidade é maravilhosa e super cosmopolita. Consegui um albergue bem barato, mas hiper moderno. Tínhamos internet free com vários computadores, sala de jogos, sala de TV com telão, cafeteria e (o melhor de tudo) banheiro privado nos quartos. O Albergue era uma verdadeira torre de babel. Eramos 6 no quarto, de todas as partes do mundo. Falávamos inglês e espanhol basicamente, mas eventualmente tínhamos que arriscar outras línguas. As pessoas que trabalhavam lá eram muito atenciosas e prestativas. O lugar mais incrivel que visitei foi o Parque Del Retiro, um parque impressionante, gigantesco, e muitíssimo agradável. Quer ver isso tudo? Assiste o vídeo aí embaixo...